E eles ainda surpreendem
Nesse sábado tive a sorte de passar pelo Multishow e ver que
eles estavam transmitindo ao vivo um dos shows da comemoração dos 50 anos de
carreira dos Rolling Stones. Difícil achar palavras para descrever o que esses
caras fazem e é inacreditável a energia e pegada desse quarteto setentão.
Na verdade, só o Charlie Watts (bateria) rompeu a barreira
dos 70 (71 anos), mas Mick Jagger e Keith Richards chegam lá no ano que vem. O garoto
da turma é Ronnie Wood que tem somente 65 anos. Era de se imaginar que eles
mandassem bem em baladinhas tranquilas como “Wild Horses” ou músicas mais
rockabilly como “Dead Flowers”. Ledo engano. O que se viu foi os caras arrebentarem
nas músicas mais rock como “Paint It, Black” e “Gimme Shelter”.
Por mais que se fale das brigas e rachas, no palco os Stones
são de uma coesão impressionante. Charlie Watts, sempre discreto e longe dos
holofotes, conduz a bateria com muita competência. Ronnie Wood foi
particularmente brilhante no show de ontem. Sua guitarra, seja nos solos, contracantos
ou nos belos riffs, fez uma bela cama sobre a qual a banda deitou e rolou.
Keith Richards dispensa comentários. Dono de uma energia surpreendente para
alguém que sobreviveu a toda loucura da maldita trindade sexo-drogas-rock’n’roll,
Keith detona na guitarra e sempre empolga o público nas poucas músicas que canta
e nesse show não foi diferente. E Mick Jagger? O cara canta muito, dança, toca
muito bem a sua gaita bluseira, tem uma presença de palco impressionante, enfim,
é um show por si só. O que mais pode se esperar de um vocalista?
Tem que ser dado o devido crédito aos músicos de apoio. Além
do tecladista Chuck Leavell e do saxofonista Bob Keys, que acompanham a banda
desde eras remotas, merece destaque o baixista Darryl Jones que está com a
banda desde 1994 quando substitui o fundador Bill Wyman. O show ainda teve uma
participação mais do que especial, do guitarrista Mick Taylor que, em minha opinião,
fez parte da melhor fase da banda (de 1969 a 1975), e participou de álbuns
clássicos como “Sticky Fingers” e “Exile on Main St”. Taylor mostrou que sua
guitarra blues continua afinada e afiada. Por fim, o show teve participações
especiais muito boas como Bruce Springsteen e até de Lady Gaga. Foram legais,
mas nem precisava. Os Stones eclipsaram essas participações.
Quem não viu o show e estiver lendo esse texto no domingo, o
show será reprisado pelo Multishow as 21:00. Imperdível. Long live rock’n’roll,
long live The Rolling Stones.
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